terça-feira, 24 de janeiro de 2012

"A INSTITUIÇÃO DA EUCARISTIA, É A GRANDE ORAÇÃO DE JESUS E DA IGREJA"

A meditação de Bento XVI durante a Audiência Geral de hoje

CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 11 de janeiro de 2012(ZENIT.org) - Apresentamos as palavras do Santo Padre Bento XVI na Audiência Geral de hoje, dirigidas aos fiéis e peregrinos presentes na Sala Paulo VI.
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Queridos irmãos e irmãs,
No nosso caminho de reflexão sobre a oração de Jesus apresentada nos Evangelhos, queremos meditar hoje sobre o momento, particularmente solene, da sua oração na última Ceia. A cena temporal e emocional do momento no qual Jesus se despede dos amigos é a iminência da sua morte que Ele sente próxima naquele momento. Há muito tempo Jesus já tinha começado a falar da sua paixão e procurou envolver sempre mais os seus discípulos nesta prospectiva. O Evangelho segundo Marcos narra que desde o início da viagem em direção a Jerusalém, nos vilarejos da distante Cesareia de Filipe, Ele tinha começado a ensinar-lhes que Filho do Homem deveria sofrer muito e ser rejeitado pelos anciãos do povo, pelos sumo sacerdotes e pelo escribas, ser morto e depois de três dias, ressuscitar (Mc 8,31). Além disso, exatamente nos dias nos quais se preparava para se despedir dos discípulos, a vida do povo estava marcada pela proximidade da Páscoa, ou seja, pelo memorial da libertação de Israel do Egito. Essa libertação experimentada no passado e esperada de novo no presente e para o futuro, se tornava viva nas celebrações familiares da Páscoa. A ultima ceia se insere neste contexto, mas com uma novidade de fundo. Jesus olha para a sua paixão, morte e ressurreição plenamente consciente. Ele quer viver esta ceia com seus discípulos, Jesus celebra a sua Páscoa, antecipa a sua Cruz e a sua Ressurreição.
Essa novidade nos vem evidenciada pela cronologia da Ultima ceia no Evangelho de São João, o qual não a descreve como ceia pascal, exatamente porque Jesus pretende inaugurar algo novo, celebrar a Sua Páscoa, ligada certamente aos eventos do Êxodo. E para João, Jesus morreu na cruz exatamente no momento no qual no templo de Jerusalém eram imolados os cordeiros pascais.
Qual é então o núcleo desta ceia? São os gestos do partir o pão, do distribui-lo aos seus e do partilhar o cálice de vinho com as palavras que os acompanham e no contexto de oração no qual se colocam: é a instituição da Eucaristia, é a grande oração de Jesus e da Igreja. Mas olhemos mais profundamente para este momento.
Antes de tudo, as tradições neotestamentárias da Instituição da Eucaristia indicam na oração que introduz os gestos e as palavras de Jesus sobre o pão e sobre o vinho, usam dois verbos paralelos e complementários. Paulo e Lucas falam de eucaristia/agradecimento: “Tomou o pão, deu graças, o partiu e deu-lhes” (Luc 22,19). Marcos e Mateus, ao invés disso, sublinham o aspecto de benção/eulogia: “Tomou o pão, proferiu a benção, o partiu e deu-lhes (Mc14,22). Ambos os termos gregos eucaristéin e eulogéin têm a ver com a beraka hebraica, isto é, a grande oração de agradecimento e de benção da tradição de Israel que inaugurava as grandes refeições. As duas diferentes palavras gregas indicam as duas direções intrínsecas e complementares desta oração. A beraka, de fato, é antes de tudo agradecimento e louvor que sobe a Deus para o dom recebido: na Ultima Ceia de Jesus, se trata do pão – trabalhado pelo trigo que Deus faz germinar e crescer na terra e pelo vinho produzido e maturado nas videiras. Essa oração de louvor e agradecimento, que se eleva para Deus, retorna como benção, que provém de Deus sobre o dom e o enriquece. O agradecer, louvar a Deus, se torna benção, e a oferta doada a Deus retorna ao homem abençoada pelo Onipotente. As palavras da instituição da Eucaristia se colocam neste contexto de oração; na mesma oração , o louvor e a benção da beraka se tornam benção e transformação do pão e do vinho no Corpo e no Sangue de Jesus.
Antes das palavras da instituição vem os gestos: aquele do partir do pão e do oferecer o vinho. Quem parte o pão e passa o cálice é chefe de família, que acolhe à sua mesa os familiares, mas estes gestos também são de hospitalidade, de acolhida à comunhão com o estrangeiro, que não faz parte da casa. Esses mesmo gestos, na ceia com a qual Jesus se despede dos seus, adquirem uma profundidade nova. Ele dá o sinal visível da acolhida à mesa na qual Deus se doa. Jesus no pão e no vinho oferece e comunica si mesmo.
Mas como pode realizar-se tudo isto? Como pode Jesus dar, naquele mesmo, Si mesmo? Jesus sabe que a vida está para ser-lhe tirada através do suplício da cruz, a pena capital dos homens não livres, aquela que Cicerone definia a mors turpissima crucis (morte vergonhosa da cruz). Com os dons do pão e do vinho oferecidos na Ultima Ceia, Jesus antecipa a sua morte e a sua ressurreição realizando aquilo que havia dito no discurso do Bom Pastor: “Eu dou a minha vida para depois tomá-la de novo. Ninguém me tira: eu a dou. Tenho o poder de dá-la e o poder de tomá-la de novo. Este é o mandamento que recebi do meu Pai” (Jo 10, 17-18). Ele, portanto, oferece antecipadamente a vida que lhe sará tirada e deste modo transforma a sua morte violenta em um ato livre de doação pelos outros e aos outros. A violência suportada se transforma em sacrifício ativo, livre e redentor.
Mais uma vez na oração, iniciada segundo as formas rituais da tradição bíblica, Jesus mostra a sua identidade e a determinação de cumprir até o fim a sua missão de amor total, de oferta em obediência à vontade do Pai. A profunda originalidade do dom de si aos Seus, através do memorial eucarístico, é o cume da oração que caracteriza na ceia do adeus com os seus. Contemplando os gestos e as palavras de Jesus naquela noite, vemos claramente que o relacionamento intimo e constante com o Pai é o lugar onde Ele realiza o gesto de deixar aos seus e a cada um de nós, o Sacramento do Amor, o “Sacramentum caritatis”. Por duas vezes no cenáculo ressoam as palavras: “Fazei isto em memória de mim” (I Cor 11, 24.25). Com o dom de si, Ele celebra a sua Páscoa, se tornando o verdadeiro Cordeiro que leva à plenitude todo o culto antigo. Por isto São Paulo falando aos cristãos de Corinto afirma: “Cristo, nossa Páscoa (o nosso cordeiro pascal!) foi imolado! Celebremos, portanto, a festa com ázimos de sinceridade e de verdade (I Cor 5, 7-8).
O evangelista Lucas conservou um outro elemento precioso dos eventos da Última Ceia, que nos permite ver a profundidade comovente da oração de Jesus para os seus naquela noite, a atenção por cada um. Partindo da oração de agradecimento e benção, Jesus chega ao dom eucarístico, ao dom de si mesmo e, enquanto doa a realidade sacramental decisiva, se dirige a Pedro. Ao final da ceia, ele diz: “Simão, Simão, eis: Satanás vos reclamou para vos peneirar como o trigo; mas eu orei por ti, para que tua fé não desfaleça. E tu, por tua vez, confirma os teus irmãos” (Luc 22,31-32). A oração de Jesus, quando se aproxima a prova também para os seus discípulos, os sustenta diante da fraqueza, da fadiga de compreender que a via de Deus passa através do Mistério Pascal de morte e ressurreição, antecipado na oferta do pão e do vinho. A Eucaristia é alimento dos peregrinos que se torna força também para quem está cansado, desorientado, esgotado. E a oração é particularmente por Pedro, para que, uma vez convertido, confirme os irmãos na fé. O evangelista Lucas recorda que foi exatamente o olhar de Jesus a procurar o rosto de Pedro no momento no qual ele havia apenas consumado a sua tríplice negação, para dar-lhe força de retomar o caminho em direção à Ele:”Naquele instante, enquanto ainda falava, um galo cantou. Então o Senhor se voltou e fixou o olhar em Pedro, e Pedro se recordou da palavra que o Senhor lhe havia dito (Luc 22,60-61).
Queridos irmãos e irmãs, participando da Eucaristia, vivemos em modo extraordinário a oração que Jesus fez e continuamente faz por cada um a fim que o mal, que todos encontramos na vida, não tenha a vitória e possa agir em nós a força transformante da morte a da ressurreição de Cristo. Na Eucaristia, a Igreja responde ao mandamento de Jesus: “Fazei isto em memória de mim” (Luc 22,19; cfr I Cor 11, 24-26); repete a oração de agradecimento e de benção e, com ela, as palavras da transubstanciação do pão e do vinho no Corpo e Sangue do Senhor. As nossas Eucaristias estão ligadas a este momento de oração, um unir-se sempre de novo à oração de Jesus. Desde o início, a Igreja compreendeu as palavras de consagração como parte da oração feita junto a Jesus, como parte central do louvor repleto de gratidão, através do qual o fruto da terra e do trabalho do homem nos vem novamente doado por Deus como corpo e sangue de Jesus, como auto-doação de Deus mesmo no amor acolhedor do Filho (Jesus de Nazaré II, pag. 146). Participando da Eucaristia, nutrindo-nos da Carne e do Sangue do Filho de Deus, unimos a nossa oração àquela do Cordeiro pascal na sua noite suprema, para que a nossa vida não seja perdida, apesar das nossas fraquezas e das nossas infidelidades, mas venha transformada.
Queridos amigos, peçamos ao Senhor depois de estarmos devidamente preparados, também com o Sacramento da Penitência, que a nossa participação à sua Eucaristia, indispensável para a vida do cristão seja sempre o ponto mais alto de toda a nossa oração. Pedimos que, unidos profundamente à sua mesma oferta ao Pai, que possamos também nós transformar as nossas cruzes em sacrifício livre e responsável, de amor a Deus e aos irmãos. Obrigado.
Ao final da Catequese, o Papa dirigiu-se aos peregrinos de língua portuguesa:
Saúdo cordialmente os peregrinos de língua portuguesa, desejando-vos que o ponto mais alto da vossa oração seja uma digna participação na Eucaristia para poderdes, também vós, transformar as cruzes da vossa vida em sacrifício livre de amor a Deus e aos irmãos. Obrigado pela vossa presença. Ide com Deus.

texto extraído de : www.zenit.com

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

A Igreja nasceu Católica.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Santa Maria, Mãe de Deus!

"Donde me vem a dita que a Mãe de meu Senhor venha visitar-me?" (Lc 1,43)
TheotokosO título "Théotokos" (Mãe de Deus) foi dado à Maria durante o Concílio de Éfeso (431), na Ásia Menor. A heresia de negar a maternidade divina de Nossa Senhora é muito anterior aos protestantes. Ela nasceu com Nestório, então Bispo de Constantinopla. Os protestantes retomaram esta heresia já sepultada pela Igreja de Cristo. Este é um problema de Cristologia e não de Mariologia. Vamos demonstrar através dos exemplos abaixo a autencidade da doutrina católica.

Maria é Mãe de Deus, porque é Mãe de Jesus que é Deus.
Se perguntarmos a alguém se ele e filho de sua mãe, se esta verdadeiramente for a mãe dele, de certo nos lancará um olhar de espanto. E teria razão. O homem como sabemos é composto de corpo, alma e espírito. A minha mãe me deu meu corpo, a parte material deste conjunto trinitário que eu sou; sendo minha alma e espírito dados por Deus. E minha mãe que me deu a luz não é verdadeiramente minha mãe?
Apliquemos, agora, estas noções de bom senso ao caso da Maternidade divina de Nossa Senhora. Há em Nosso Senhor Jesus Cristo duas naturezas: a humana e a divina, constituindo uma só pessoa, a pessoa de Jesus. Nossa Santa Mãe é mãe desta pessoa, dando a ela somente a parte material, como nosso mãe também o faz. O Espírito e Alma de Cristo também vieram de Deus. Nossa mãe não é mãe do nosso corpo, mas mãe de nossa pessoa. Assim também Maria é Mãe de Cristo. Ela não é a Mae da Divindade ou da Trindade, mas é mãe de Cristo a segunda pessoa da Santíssima Trindade, que também é Deus. Sendo Jesus Deus, Maria é Mãe de Deus.
Basta um pequeno raciocínio para reconhecer como necessária a maternidade Divina da Santíssima Virgem. Nosso Senhor morreu como homem na Cruz (pois Deus não morre), mas nos redimiu como Deus, pelos seus méritos infinitos. Ora, a natureza humana de Nosso Senhor e a natureza divina não podem ser separadas, pois a Redenção não existiria se Nosso Senhor tivesse morrido apenas como homem. Logo, Nossa Santa Mãe, Mãe de Nosso Senhor, mesmo não sendo mãe da divindade é Mãe de Deus, pois Nosso Senhor é Deus. Se negarmos a maternidade de Nossa Senhora, negaremos a redenção do gênero humano.
A negação da Maternidade divina de Nossa Senhora é uma negação à Verdade, uma negação ao ensino dos Apóstolos de Cristo.
Provas da Sagrada Escritura
A Igreja Católica sendo a única Igreja Fundada por Cristo, confirmada pelos Apóstolos e seus legítimos sucessores; sendo Ela a escritora, legitimadora e guardiã da Bíblia, jamais poderia ensinar algo que estivesse contra o Ensino da Bíblia.
Vejamos o que a Sagrada Escritura ensina sobre a Maternidade Divina de Nossa Senhora:
  1. O profeta Isaías escreveu: "Portanto, o mesmo Senhor vos dará um sinal: eis que uma virgem conceberá, e dará à luz um filho, e será o seu nome Emanuel [Deus conosco]." (Is 7,14). Claramente o profeta declara que o filho da virgem será divino, portanto a maternidade da virgem também é divina, o que a faz ser Mãe de Deus.
  2. O Arcanjo Gabriel disse: "O Santo que há de nascer de ti será chamado Filho de Deus" (Lc 1,35). Se ele é filho de Deus, ele tb é Deus e Maria é sua Mãe, portanto Mãe de Deus. Isaías também escreveu o mesmo em Is 7,14.
  3. Cheia do Espírito Santo, Santa Izabel saudou Maria dizendo: "Donde a mim esta dita de que a mãe do meu Senhor venha ter comigo"? (Lc 1,43) E Mãe de meu Senhor quer dizer Mãe do meu Deus, portanto Mãe de Deus..
  4. São Paulo ainda escreveu: "Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei." (Gl. 4,4). São Paulo claramente afirma que uma mulher foi a Mãe do filho de Deus, portanto Mãe de Deus.

Tendo a Sagrada Escritura seu berço na Igreja - portanto sendo menor que Ela - , vemos como está de acordo com o ensino da mesma.
A Doutrina dos Santos Padres
Será que os Apóstolos de Cristo concordavam com a Maternidade Divina de Nossa Senhora? Pois segundo os protestantes, a Igreja Católica inventou a maternidade divina de Maria no séc V durante o Concílio de Éfeso.
Vejamos o que diz o Apóstolo Santo André: "Maria é Mãe de Deus, resplandecente de tanta pureza, e radiante de tanta beleza, que, abaixo de Deus, é impossível imaginar maior, na terra ou no céu". (Sto Andreas Apost. in trasitu B. V., apud Amad.)
Veja agora o testemunho de São João Apóstolo: "Maria, é verdadeiramente Mãe de Deus, pois concebeu e gerou um verdadeiro Deus, deu a luz, não um simples homem como as outras mães, mas Deus unido a carne humana." (S. João Apost. Ibid)
São Tiago: "Maria é Santíssima, a Imaculada, a gloriosíssima Mãe de Deus" (S. Jac. in Liturgia)
São Dionísio Areopagita: "Maria é feita Mãe de Deus, para a salvação dos infelizes." (S. Dion. in revel. S. Brigit.)
Orígenes escreveu: "Maria é Mãe de Deus, unigênito do Rei e criador de tudo o que existe" (Orig. Hom I, in divers. - Sec. II )
Santo Atanásio diz: "Maria é Mãe de Deus, completamente intacta e impoluta." (Sto. Ath. Or. in pur. B.V.)
Santo Efrém: "Maria é Mãe de Deus sem culpa" (S. Ephre. in Thren. B.V.).
São Jerônimo: "Maria é verdadeiramente Mãe de Deus". (S. Jerôn. in Serm. Ass. B.V.).
Santo Agostinho: "Maria é Mãe de Deus, feita pela mão de Deus". (S. Agost. in orat. ad heres.).
Todos os Santos Padres afirmaram em amor e veneração a maternidade divina por Nossa Senhora. Me cansaria em citar todos os testemunhos primitivos.
Agora uma surpresa para os protestantes. Lutero e Calvino sempre veneraram a Santíssima Virgem. Veja abaixo a testemunho dos pais da Reforma:
  1. "Quem são todas as mulheres, servos, senhores, príncipes, reis monarcas da Terra, comparados com a Virgem Maria que, nascida de descendência real (descendente do rei Davi) é, além disso, Mãe de Deus, a mulher mais sublime da Terra? Ela é, na cristandade inteira, o mais nobre tesouro depois de Cristo, a quem nunca poderemos exaltar o suficiente, a mais nobre imperatriz e rainha, exaltada e bendita acima de toda a nobreza, com sabedoria e santidade." (Martinho Lutero no comentário do Magnificat - cf. escritora evangélica M. Basilea Schlink, revista Jesus vive e é o Senhor).
  2. "Não há honra, nem beatitude, que se aproxime sequer, por sua elevação, da incomparável prerrogativa, superior a todas as outras, de ser a única pessoa humana que teve um Filho em comum com o Pai Celeste" (Martinho Lutero - Deutsche Schriften, 14,250).
  3. "Não podemos reconhecer as bênçãos que nos trouxe Jesus, sem reconhecer ao mesmo tempo quão imensamente Deus honrou e enriqueceu Maria, ao escolhê-la para Mãe de Deus." (Calvino - Comm. Sur I'Harm. Evang., 20)

A negação da Maternidade divina de Nossa Senhora é uma negação à Verdade, é negar a Divindade de Cristo, é negar o ensino dos Apóstolos de Cristo.
O Concílio Ecumênico de Éfeso
Quando o heresiarca Ario divulgou o seu erro, negando a divindade da pessoa de Jesus Cristo, a Providência Divina fez aparecer o intrépido Santo Atanásio para confundí-lo, assim como fez surgir Santo Agostinho para suplantar o herege Pelágio, e São Cirilo de Alexandria para refutar os erros de Nestório, que haviam semeado a pertubação e a indignação no Oriente.
Em 430, o Papa São Celestino I, num concílio de Roma, examinou a doutrina de Nestório que lhe fora apresentada por São Cirilo e condenou-a anti-católica, herética.
São Cirilo formulou a condenação em doze proposições, chamadas os doze anátemas, em que resumia toda a doutrina católica a este respeito.
Pode-se resumí-la em três pontos:
  1. Em Jesus Cristo, o Filho do homem não é pessoalmente distinto do Filho de Deus;
  2. A Virgem Santíssima é verdadeiramente a Mãe de Deus, por ser a Mãe de Jesus Crito, que é Deus;
  3. Em virtude da união hipostática, há comunicações de idiomas, isto é; denominações, propriedades e ações das duas naturazas em Jesus Cristo, que podem ser atribuidas à sua pessoa, de modo que se pode dizer: Deus morreu por nós, Deus salvou o mundo, Deus ressuscitou.

Para exterminar completamente o erro, e restringir a unidade de doutrina ao mundo, o Papa resolveu reunir o Concílio de Éfeso (na Ásia Menor), em 431, convidando todos os bispos do mundo.
Perto de 200 bispos, vindos de todas as partes do orbe, reuniram-se em Éfeso. São Cirilo presidiu a assembléia em nome do Papa. Nestório recusou comparecer perante aos bispos unidos.
Desde a primeira sessão a heresia foi condenada. Sobre um trono, no centro da assembléia, os bispos colocaram o Santo Evangelho, para representar a assistência de Jesus Cristo, que prometera estar com a sua Igreja até a consumação dos séculos, espetáculo santo e imponente que desde então foi adotado em todos os concílios.
Os bispos cercando o Evangelho e o representante do Papa, pronunciaram unânime e simultaneamente a definição proclamando que Maria é verdadeiramente Mãe de Deus. Nestório deixou de ser, desde então, bispo de Constantinopla.
Quando a multidão anciosa que rodeava a Igreja de Santa Maria Maior, onde se reunia o concílio, soube da definição que proclamava Maria Mãe de Deus, num imenso brado ecoou a exclamação: "Viva Maria, Mãe de Deus! Foi vencido o inimigo da Virgem! Viva a grande, a augusta, a gloriosa Mãe de Deus!"
Em memória desta solene definição, o concílio juntou à saudação angélica estas palavras simples e expressivas: "Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós pecadores, agora e na hora de nossa morte".

Texto: Prof. Alessandro Lima
www.veritatis.com.br

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Deus Proíbe a confecção de imagens?

"Farás também dois querubins de ouro; de ouro batido os farás, nas duas extremidades do propiciatório." (Ex 25,18)
 Arca da AliançaMuitas vezes andando nas ruas encontramos pessoas vestidas com ternos e com uma Bíblia na mão, ensinando que usar imagens em igrejas é idolatria.
Por este motivo costumam chamar os católicos de idólatras, isto é, adoradores de ídolos, que quer dizer adoradores de falsos deuses. E ainda acusam a Igreja Católica de ensinar a adoração destas imagens.

Os protestantes encaram o uso das imagens sacras como um insulto ao mandamento divino que consta em Ex 20,4 que proíbe a confecção delas.
Por: Prof. Alessandro Lima
www.veritatis.com.br
A Igreja Católica sempre defendeu o uso das imagens. Estaria a Igreja Católica desobedecendo a ordem divina em Ex 20,4?
A Igreja Católica é a única Igreja que tem ligação direta com os apóstolos de Cristo, sendo ela a guardiã da doutrina ensinada por eles e por Cristo, sem lhe inculcar qualquer mudança. Se ela quisesse mesmo agir contra a ordem divina, teria adulterado a Bíblia nas passagens em que há a condenação das imagens.
Na Bíblia católica - pois a Bíblia protestante não contém sete livros relativos ao Velho Testamento- o Livro da Sabedoria condena como nenhum outro a idolatria (Sb 13-15). Não poderia a Igreja repudiar o livro como fizeram os protestantes?
Na Sagrada Escritura há outras passagens que condenam a confecção de imagens como por exemplo: Lv 26,1; Dt 7,25; Sl 97,7 e etc. Mas também há outras passagens que defendem sua confecção como: Ex 25,17-22; 37,7-9; 41,18; Nm 21,8-9; 1Rs 6,23-29.32; 7,26-29.36; 8,7; 1Cr 28,18-19; 2Cr 3,7,10-14; 5,8; 1Sm 4,4 e etc.
Pode Deus infinitamente perfeito entrar em contradição consigo mesmo? É claro que não. E como podemos explicar esta aparente contradição na Bíblia?
Isto é muito simples de ser explicado. Deus condena a idolatria e não a confecção de imagens. Quando o objetivo da imagem é representar, ou ser um ídolo que vai roubar a adoração devida a somente a Deus, ela é abominável. Porém quando é utilizada ao serviço de Deus, no auxílio à adoração a Deus, ela é uma benção. Vejamos os textos abaixo:
"Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem embaixo da terra, nem nas àguas debaixo da terra. Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque Eu, o Senhor teu Deus, sou zeloso, que visito a maldade dos pais nos filhos até a terceira geração daqueles que me aborrecem."(Ex 20,4-5)
Note que nesta passagem a função da imagem é roubar a adoração devida somente a Deus. O texto bíblico condena a confecção da imagem porque ela está roubando o culto de adoração ao Senhor. A existência deste mandamento se deve pelo fato do povo judeu ser inclinado à idolatria, por ter vivido no Egito que era uma nação idólatra e por estar cercado de nações pagãs, que não adoravam a Deus, e que construíam seus próprios deuses. Deus quer dizer aqui "não construam deuses para vocês, pois Eu Sou o Deus Único e Verdadeiro".
"Farás também dois querubins de ouro; de ouro batido os farás, nas duas extremidades do propiciatório. Farás um querubin na extremidade de uma parte, e outro querubin na extremidade de outra parte; de uma só peça com o propiciatório fareis os querubins nas duas extremidades dele." (Ex 25,18-19)
Neste versículo, Deus ordena a Moisés que construa duas imagens de querubins que serão colocadas em cima da arca-da-aliança, onde estavam as tábuas da lei, dos dez mandamentos. Veja que os querubins aqui não são objetos de adoração, mas de ornamentação da arca. Salomão também manda construir dois querubins de madeira, que serão colocados no altar para enfeitar o templo (1Rs 6,23-29).
Para deixar mais claro ainda a proibição e a permissão do uso das imagens sacras, vejamos os próximos versículos:
"E disse o Senhor a Moisés: Faze uma serpente ardente e põe-na sobre uma haste; e será que viverá todo mordido que olhar para ela. E Moisés fez uma serpente de metal e pô-la sobre uma haste; e era que, mordendo alguma serpente a alguém, olhava para a serpente de metal e ficava vivo." (Nm 21,8-9)
"Este [Ezequias] tirou os altos, e quebrou as estátuas, e deitou abaixo os bosques e fez em pedaços a serpente de metal que Moisés fizera, porquanto até aquele dia os filhos de Israel lhe queimavam incenso e lhe chamavam Neustã."(2Rs 18,4)
Note que no primeiro texto de Nm 21,8-9, Deus não só permitiu o uso da imagem, como também a utiliza para o seu serviço; e a transforma em objeto de benção para seu povo, sinal de Seu amor por Israel.
E no segundo texto de 2Rs 18,4 a mesma serpente de metal que outrora foi construída por Moisés, é repudiada por Deus. Tornou-se objeto de adoração pois "os filhos de Israel lhe queimavam insenso". Deram a ela o culto devido somente a Deus. A Serpente de metal perdeu como nos mostra o texto, o seu sentido original, porque os filhos de Israel "não obedeceram à voz do Senhor, seu Deus; antes, tranpassaram seu concerto; e tudo quanto Moisés, servo do Senhor, tinha ordenado, nem o ouviram nem o fizeram."(2Rs 18,12)
Aí fica mais que claro que Deus não condena o uso das imagens sacras e sim a idolatria. É importante lembrarmos que há muitas outras formas de idolatria, como o amor ao dinheiro, aos bens materias, etc; que substituem o amor que devemos ter somente por Deus.
 
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